domingo, 16 de dezembro de 2007

10º Capítulo - Parte II

Quando entramos no Boêmio, Maurício ficou assustado. Percebi que ele estava deslocado, como se não fizesse parte daquele grupo. Analisando bem, ele realmente não fazia parte... Levei Maurício para a parte de cima da boate, pois lá era mais calmo e nós poderíamos conversar.

- Agora sou eu quem pergunto. Gostou?

- Só tem homem aqui?

- O que você esperava? Mulheres?

- Não. Só que é um pouco estranho... Olha aqueles dois ali se beijando!

- Nós acabamos de fazer isso lá no meio da rua.

- Não é a mesma coisa... - Sua expressão era de decepção. Entendi o que ele quis dizer quando pediu para que eu tivesse paciência.

- Eu sei... Eu te amo. - Ele olhou para mim e voltou a sorrir.

- Eu também.

Surgiu o segundo beijo, o terceiro, o quarto... Ficamos durante horas fazendo juras de amor, abraçados. Toda a multidão em volta era ignorada.. Naquele momento mágico, só existiam duas pessoas, nós. Entre um beijo e outro eu só conseguia agradecer ao destino por ter colocado aquele homem maravilhoso na minha vida.

Chegou o momento do show da Laura. Resolvi descer para que Maurício pudesse conhecer um pouco mais do meu mundo, ou do mundo de Jade. Que importância tinha isso? Afinal eram facetas de uma mesma pessoa.

Quando Laura entrou fazendo suas piadas e dando seus chiliques, Maurício ficou encantado. De repente, ele começou a dançar e cantar a cada número musical dos transformistas. Eu achava aquilo muito interessante e maravilhoso. Nem parecia aquele rapaz assustado que há algumas horas achava tudo estranho.

Depois do show continuamos dançando. Maurício dançando era a coisa mais desengonçada que já vi. Ele era muito magro, alto e se sacudia sem ritmo. Parecia um avestruz pulando. Até hoje não entendi o que acontecia, eu conseguia ver o quanto era desajeitado e ao mesmo tempo me encantava com ele.

Ficamos no Boêmio até terminar tudo.

Cansados, bêbados e apaixonados, resolvemos voltar para casa.

- Eu não quero ir... - Observei melancolicamente, no meio da Cinelândia.

- Nem eu...

- Quer ir lá pra casa?

- Pensei que você nunca ia me chamar.

- Pensei que era cedo pra você...

- Acho que a hora é essa... Tudo aconteceu muito rápido entre nós e acho que vai continuar acontecendo.

Fomos calados até o meu apartamento. E se fosse cedo demais? E se descobríssemos que na cama era ruim? E se ele não funcionasse comigo? E se eu não funcionasse como ele esperava? O que ele esperava de mim? Um homem ou uma mulher? Todas essas perguntas me atormentavam e creio que a ele também.

- Teu apartamento é legalzinho! - Maurício disse ao entrar.

- Obrigado!

- Não sei se é preconceito, mas sempre achei que o apartamento de um homossexual fosse cheio de plumas, quadros cor de rosa, chinelos de coelhinho, espelho no teto...

- Pera aí! Em primeiro lugar, você tá descrevendo um bordel de quinta. Em segundo lugar, isso é preconceito sim. E em terceiro lugar, eu não me considero um gay, prefiro achar que sou uma mulher num corpo de homem.

- Calma, amor! To só brincando!

- Ah bom! - Ele me abraçou e me beijou. O clima começou a esquentar... - Quer escutar uma música? - O meu medo fez com que adiasse aquele momento.

- Quais os CDs que você tem?

- Adoro Marina, Marisa Monte, Maria Bethânia...

- Hum! Só mulheres!

- É. Na verdade os gays gostam muito das mulheres. Elas são o nosso ideal.

- Puxa! Pela primeira vez eu te vejo se colocar entre os gays.

- É... Por quê não?  Afinal nem sei o que sou direito... -  Dei uma risada.

Coloquei para tocar "Explode Coração", com Maria Bethânia. Maurício me puxou para dançar. Eu podia sentir a sua excitação. Conforme dançávamos, nos beijávamos e nos acariciávamos. Maurício começou a ficar ofegante. Aquilo foi me excitando. A música entrava em nossas almas. Comecei a tirar a camisa de Maurício. Ele desabotoou a minha calça. Em poucos instantes estávamos nus. A música acabou e nós não percebemos. Eu lambia todo o seu corpo. Ele gemia e falava coisas que me excitavam ainda mais. Quando percebi que ele não agüentava mais chupei-o até que ele gozasse em minha boca.

Logo após seu orgasmo, pensei que tudo tinha terminado. Era sempre assim... Os homens tinham o seu prazer e eu me satisfazia sozinho. Maurício começa a lamber todo meu corpo. Achei aquela atitude estranha. Não estava acostumado. Comecei a ficar excitado. Maurício começou a me chupar. Comecei a ficar confuso. Nunca um homem tinha me tratado assim... Perdi a excitação... Maurício parou... Comecei a chorar...

- Eu fiz alguma coisa que não devia? - Perguntou.

- Não... Não é isso... Acho que você também vai ter que ter paciência comigo... Os caras com quem saio não me tratam assim... Ele só querem saber do seu gozo... Não sei se você consegue me entender.

- Acho que sim. Ninguém nunca tocou o teu corpo dessa forma.

- É... mas não é só isso...

- Fala! O que é?!

- Nunca tive que fazer o papel de homem na cama! Nunca ninguém me perguntou se eu queria gozar! Nunca ninguém se preocupou com que eu estava sentindo! - Chorei durante alguns minutos. Ele me abraçou.

- Eu entendo... Você foi muito machucado. - Cada vez mais aquilo parecia um sonho. Até em um momento difícil como aquele, em que eu deveria estar me desculpando. Ele me compreendia, me ajudava e nada perguntava.

Dormimos abraçados. Quando acordamos, já era quase cinco horas da tarde. Maurício ficou preocupado com os pais.

- Preciso ir embora! O pessoal lá em casa deve tá maluco!

- É mesmo! A gente acabou se envolvendo tanto que esquecemos da tua família. - Maurício vestiu a roupa rapidamente.

- Quer um café? Eu faço rapidinho.

- Deixa pra outro dia, Jê.

- O que você falou?!

- Deixa pra outro dia.

- Não, no finalzinho.

- Jê!

- Que bonitinho! Jê! Adorei!

- Bobo!

Nos despedimos com um longo beijo. Fechei a porta totalmente feliz. Não existia mais o vazio. Não me lembro de período mais feliz do que esse. A minha vida sempre foi um "mais ou menos" com grandes períodos de menos. Pela primeira vez eu sentia o sabor do mais.

Precisava contar tudo aquilo para alguém. Pensei em Luciana. Liguei para a casa dela e ninguém atendeu. Liguei para Adriana.

- Alô!

- Adriana!

- Oi, Jeremias!

- Como é que você tá?!

- Ótima, como sempre!

- É, amiga, você tá sempre de alto astral.

- E você? Como é que tá?

- Ótimo!

- Nossa! Vai chover!

- Nem te conto as coisas que tem acontecido na minha vida!

- É mesmo!

- To apaixonado!

- O cara do ano novo?!

- Não! Você tá atrasada, hein!

- Como é que eu vou saber? Eu não te vejo desde aquele dia!

- É outro! Novíssimo!

- Me conta, me conta! Como é que foi isso, amiga?! - Nós, ultimamente, costumávamos nos tratar por amiga, devido a duas personagens de uma novela que estava no ar.

- Foi na Feira do Livro! Eu tava deprimido por causa...

- Novidade!

- Deixa eu falar menina! Eu tava deprimido por causa de umas coisas que agora não vêm ao caso, aí resolvi dar uma arejada e fui pra Feira do Livro, quando... - Contei tudo.

- Puxa, Jeremias! Que história linda! Fico feliz por você! Você tem dado tanta cabeçada!. Merecia uma coisa assim!

- Obrigado, amiga! E você como é que tá como os gatos?

- Tem tanto tempo que a gente não se fala! Você chegou conhecer o Rodrigo?!

- Não. Ele é de onde?

- Lá da Faculdade.

- Ah, sei!

- Depois do ano novo comecei a namorar com ele, mas não agüento mais! Maaassss! Pintou um outro chamado Zé! Hummmm! Que gracinha!!!

- Você não tem jeito mesmo!

- Vem cá, Jeremias! Eu to errada?! Existe coisa melhor do que homem?!

- Não.

- Então, amiga! Deixa rolar!

- Bem... Já que eu não tenho essa sorte, vou ficando com o Maurício mesmo!

- Não reclama de barriga cheia, amiga! Essa tua história é linda! Eu trocaria todos os meus gatos por um romântico assim. Um amante à moda antiga!

- Nisso eu concordo contigo. Não trocaria Maurício por ninguém!

- Nem por Fernando? - Sempre maliciosa.

- Não! Nem por Fernando. Você acha que eu ia ser louco de trocar uma realidade por uma fantasia?!

- Huuum! Grandes progressos!

- É pra frente que se anda!

- Finalmente você admite que estava gostando de Fernando!

- Eu sempre quis te fazer uma pergunta...

- Faça.

- Você teve alguma coisa com Fernando?

- Foi só um beijinho... Nada de sério... E nem valeu a pena. O beijo dele não é lá essas coisas!...

- É... Isso eu nunca vou saber... Também, agora eu tenho uma pessoa que gosta de mim de verdade. Não sei nem porque fico falando em Fernando. Foi você quem puxou esse assunto!

- Tá bem, amiga! Não se fala mais nisso! Oh! meus parabéns pelo gato novo! Quero conhecer o mais rápido possível!

- Não sei, não... Será que você não vai ficar com ele, também?! - Usei a malícia, que ela tão bem utilizava comigo.

- Agora, falando sério, eu nunca teria ficado com Fernando se soubesse que você estava interessado nele. Só tive a certeza disso depois que já tinha rolado o beijo. Aí, já era! Mas você viu que me afastei dele.

- É... acho que sim...

- Chega de falar em Fernando! Ele não merece a gente! Não é amiga?!

- Certíssima!

- Vamos marcar um agito pra você me apresentar o Maurício?

- Tá legal! Eu te ligo.

- Um beijão, amiga!

- Outro, amiga!

Minutos depois de ter falado com Adriana o telefone toca.

- Alô!

- Liguei pra dá boa noite. - Era Maurício.

- Que bom! Vem me dá pessoalmente!

- Não posso... Bem que eu queria...

- Tou brincando, Maurício. Eu sei que você tá cansado. Eu também to.

- Vou desligar... Oh! milhões de beijo! Todos na boca!

- Melhorou bastante, hein! Antes eu tinha que me contentar com um abraço.

- É. Mas agora eu posso de te mandar um monte de beijo!

- Pra você também! Tonelada de beijos!

- Te ligo amanhã.

- Vou esperar.

- Beijos.

- Beijos.

Minha vida tinha se tornado um mar de rosas. Tudo era maravilhoso porque finalmente eu tinha o que sempre sonhei. Um homem que me amava e que eu amava. Todas as noites ele me ligava e conversávamos sobre os nossos dias, sobre o nosso amor e fazíamos planos. Quando tinha uma oportunidade durante a semana, nem que fosse meia hora, nos encontrávamos e eram momentos cheios de paixão.

Voltei a escrever poesias, mais do que nunca. Era uma atrás da outra, todas dedicadas a Maurício. Apenas não tinha coragem de mostrá-las a ele.

Queria espalhar aquele sentimento de felicidade para todos.

Era quinta-feira e resolvi procurar Luciana para contar as novidades e convidá-la para conhecer Maurício.

- Oi, Luciana! - Disse quando ela abriu a porta do seu apartamento.

- Jeremias! Que surpresa! Entra!

- Tenho novidades quentíssimas!

- Ganhou na sena?

- Não. Melhor que isso!

- Bem...pela tua cara é alguma coisa que diz respeito a Fernando.

- Errou de novo! Ultima chance!

- Conheceu alguém?

- Mais do que isso! To apaixonado! E pasme! Ele também tá por mim!

- Que coisa boa, Jeremias! Me conta como é que foi!

- Eu tava me sentindo down, aí resolvi ir até a Feira do Livro... - Repetiria aquela história quantas vezes fossem necessárias.

- Olha, Jeremias! To toda arrepiada! É lindo! - Falou após eu contar tudo, com detalhes.

- To tão feliz, Luciana! O que eu senti por Fernando e o que ele representou pra mim, parece uma sombra perto do meu amor por Maurício. Ele é completo, não consigo ver defeito nele.

- Vai devagar, Jeremias! Você sabe que essa empolgação inicial passa. Nenhum relacionamento é perfeito. - Em qualquer situação Luciana nunca perdia o contato com a realidade e o bom senso.

- É... Eu sei... Mas ele é maravilhoso! Você precisa conhecer! Aliás, eu vim aqui pra te convidar pra ir lá em casa no sábado. Vou convidar Adriana, também. Assim vocês duas vão se conhecer e conhecer Maurício.

- Tá ok! Também tenho uma novidade pra te contar.

- Ganhou na sena?

- Não. To grávida.

- Que legal! Pera aí! É legal mesmo?

- É sim. Eu e Arnaldo queríamos. - Luciana tinha um relacionamento maravilhoso com um rapaz chamado Arnaldo. Ele era um pessoa muito bacana. Encontrei-o várias vezes e em todas as vezes ele me tratou muito bem. Não parecia ter medo de mim como os outros homens tinham, como Fernando tinha; só isso já demonstrava que ele era alguém diferente, assim como Luciana. Foram feitos um para o outro. Sempre quis ter um relacionamento maduro como o deles.

- E quando o bebê nascer? Vocês vão morar juntos?

- Não.

- Não?

- Não vamos esperar esse tempo todo. Ele vem pra cá a partir da semana que vem!

- Pra morar?

- É. Já tava na hora. Afinal, são oito anos juntos.

- Que bom, Luciana! Você tá feliz?

- To. - Ela nunca perdia aquele ar triste. Como se tivesse uma dor escondida. No entanto, ela me transmitia tranqüilidade e verdade.

- Então? Você vai lá em casa no sábado?

- Vou. Que horas?

- Aparece lá pelas sete.

- Ok!

- Ah! Eu trouxe ums poemas que escrevi. Vê o que você acha. - Luciana as leu, em silêncio.

- Lindas, Jeremias! Você tá se aperfeiçoando cada vez mais. Por quê você não faz Letras?

- Prefiro Psicologia.

- Mas com Letras você poderia melhorar esse teu dom.

- Não sei... Tranquei a matrícula de Administração mas se tivesse que mudar de curso faria Psicologia mesmo.

- É um desperdício.

- Por quê? Você acha que eu não seria um bom psicólogo?

- Não é isso. Não conheço você como psicólogo, mas conheço como escritor.

- É... Quem sabe?...

Encarava as poesias como desabafos. Não pensava em me tornar um escritor, poeta ou qualquer coisa no gênero.

Sábado chegou e com ele os preparativos para receber minhas amigas e meu grande amor. Finalmente eles iriam se conhecer. Quando convidei Adriana ela quis trazer o seu novo namorado, o Zé. Mas, sinceramente, não gostei da idéia, preferia que só ela, Maurício e Luciana estivessem presente. Queria sentir o que cada um acharia do outro.

A primeira a chegar foi Adriana.

- Oi, Amiga! - Ela disse quando abri a porta.

- Oi, Amiga! Você é a primeira a chegar.

- E você acha que eu ia perder algum detalhe? Quero ver tudinho!

- E o Zé? Não vem?

- Não, amiga! Pensei melhor e achei que ele iria me atrapalhar.

- Puxa! Já tá te atrapalhando?

- Não é isso! Ah! Você me conhece e sabe que eu gosto de liberdade! Não gosto de ninguém no meu pé!

A segunda a chegar foi Luciana.

- Tudo bem?! - Disse-me quando abri a porta

- Oi, Luciana! Entra.

- Ele tá aí? - Perguntou baixinho.

- Não. Ainda não chegou. Mas Adriana ta aí. Vem cá que eu vou te apresentar a ela.

- Adriana. Luciana. Luciana. Adriana. - As duas se cumprimentaram e pareceram simpatizarem uma com a outra.

- Você estudava junto com Jeremias? - Adriana perguntou a Luciana.

- Estudava. Pelo que Jeremias me falou vocês se conheceram lá, quando ele tava no turno da tarde de tarde, não foi?

- Foi. Amor a primeira vista. Só depois eu percebi que ele era uma mulher. Foi uma decepção! - Brincou, Adriana. Nós rimos.

- É... Você disse tudo. É dessa forma que eu vejo Jeremias. Como uma mulher. - Olhou para mim. Todos ficaram sérios. Luciana sempre tinha o poder de tornar qualquer banalidade em um assunto sério. Não que ela fosse dramática, ela possuía um dom de fazer com que analisássemos qualquer situação pelo lado racional.

- E que mulher! Calça quarenta e tem barba! - Adriana tinha o poder da descontração. Acho que as duas eram como uma balança imaginária. Uma me dava segurança nos momentos difíceis. A outra me fazia ver o mundo de uma maneira mais leve, quando tudo parecia sem solução.

A campainha toca. Só poderia ser Maurício.

- Oi, amor! - Falei ao atender à porta.

- Oi, Jê. - Sem se importar com os olhares curiosos de Adriana e Luciana, nos beijamos ali mesmo, na porta.

- Quero apresentar a vocês, minhas duas grandes amigas, o meu grande amor Maurício!!! - Fiz a apresentação como um apresentador de programas de televisão.

Luciana olhou, discretamente, para Maurício, deu um sorriso e apertou sua mão.

Adriana deu um largo sorriso, disse que estava louca para conhecê-lo e puxou o rosto dele dando um beijo em cada face.

Maurício não se sentia muito a vontade. Estava visivelmente tenso. Resolvi servir um drink para ver se ele relaxava.

- O que vocês vão beber? - Perguntei e todos se entreolharam.

- Eu quero cerveja! - Disse, Adriana.

- Eu prefiro um refrigerante. Afinal de contas, tenho que cuidar bem do baby. - Afagou a sua barriga.

- Você tá grávida? - Maurício perguntou a Luciana.

- To... de três meses.

- Que legal! Você prefere menino ou menina?

- Prefiro menino, mas o pai prefere menina. - O silêncio voltou.

- E você Maurício vai beber o quê? - Perguntei.

- Qualquer coisa. O que você me servir.

- Quer me acompanhar num vinho branco suave?

- Tudo bem. Olha que eu não to acostumado! - Fui até a cozinha e Adriana veio atrás.

- E aí? O que você achou, amiga? - Perguntei.

- Eu tinha uma outra imagem dele.

- Uma imagem mais bonita? Você veio pensando que ia encontrar um gato.

- Não é bem assim, amiga... É que... ele parece o Professor Pardal.

- Eu nunca disse pra você que ele era bonito. Sempre disse que ele era um homem sensível, inteligente..

- É eu sei... - Servi as bebidas, coloquei na bandeja e voltei para a sala.

A opinião de Adriana eu já sabia e a esperava. Agora eu precisava saber o que Luciana tinha achado de Maurício.

- Luciana, vem aqui no quarto que eu quero te mostrar uma coisa. Adriana fica aí fazendo companhia pra Maurício. - Luciana veio atrás de mim.

- O que você achou? - Perguntei.

- É cedo ainda pra ter uma opinião.

- Você achou ele feio?

- Que pergunta Jeremias!

- É que foi a primeira coisa que Adriana notou.

- Que isso! Ele não é feio. Ele tem um tipo físico comum. Afinal, Jeremias, não é um rostinho bonito que você tá procurando! Ou é?!

- Não! Você sabe que não!

- Então pronto! Curte esse amor que te custou tanto a encontrar.

- É verdade. - Voltamos para a sala.

Após algumas doses de vinho, Maurício ficou mais relaxado e o papo transcorreu de maneira mais natural. Não como eu esperava. Pensei que esse encontro entre minhas melhores amigas e meu namorado, seria inesquecível. Falaríamos sobre assuntos profundos, faríamos confidências e descobriríamos afinidades. No entanto, só falamos sobre superficialidades. A minha identificação era com cada um isoladamente. Quando tentei reuni-los foi uma decepção.

Depois de umas duas horas Luciana resolveu ir embora e Adriana imediatamente a acompanhou.

Eu e Maurício ficamos sós e fizemos a nossa festa. Eu estava tão feliz com ele que logo esqueci a decepção daquela reunião. Bebemos mais e não demorou para que o desejo tomasse conta de nossos corpos. Tiramos nossas roupas e dessa vez a nossa transa foi uma entrega total. Não tínhamos mais medo um do outro. Nem estávamos preocupados com nossa performance. Dessa vez Maurício pode completar o que havia ficado pela metade. Após gozar dentro de mim, lambeu todo o meu corpo e me levou a um orgasmo, até então, nunca experimentado. A partir dali eu soube o que era ter uma relação. O que eu fazia antes era dar prazer aos homens com quem saía. Aquele era o homem da minha que queria para mim...

Mas a vida nunca fica cor de rosa para sempre... E parece que meus relacionamentos nunca seguiam o padrão convencional...

Um comentário:

Pandora disse...

Esse foi um capitulo feliz afinal de contas - apesar do fim deixar aquele temor no ar.

Aliás, eu não acredito em signos, mas essa coisa com suas amigas tão diferentes parece tipico de geminiana. Somos tão bipolares em certos aspectos que temos amigas feitas de água e amigas de óleo, quando elas se encontram nunca conseguem se entender como a gente quer, porque são diferentes demais uma da outra.